segunda-feira, 9 de julho de 2012

Primeiro fascículo do livro: Para Sempre De Luiz Leite Aqui encontraremos uma coletânea de pronunciamentos do vereador Luiz Leite. Mais do que pronunciamentos,é a historia do povo de Martinópolis,de pessoas que fizeram a diferença com seu trabalho,coragem e determinação. Desejo a todos uma boa leitura, e assim um bom descobrir do que é ser Martinopolitano.

Para Sempre “Alguém deve rever, escrever e assinar os autos do passado, antes que o tempo passe tudo a raso” Cora Coralina

 Apresentação Em 1984, ainda em São Bernardo do Campo, pusemos em prática um minucioso trabalho para recuperação de textos escritos e de pronunciamentos gravados de autoria do então prefeito Dr. Luiz Leite. Na ocasião, pesquisas em jornais, revistas e gravações de voz, renderam mais de 100 artigos e discursos sobre os mais diversos temas. Não foram publicados porque o autor julgou ser cedo para tanto. De l993 a l996, Lourdes Januário, Cleide Brasil Batista e Eliane Cristina de Goes fizeram levantamentos nos anais da Câmara Municipal, que resgataram mais 20 pronunciamentos do autor, principalmente os proferidos em sessões solenes, daquela Casa. Dessa época avante, o próprio autor mantém arquivos eletrônicos do que fala e do que escreve. Catalogados os textos colhidos, até hoje, seria possível a publicação de quatro livros, assim classificados: 1- Homenagens, 2- Pronunciamentos feitos no exercício do cargo de prefeito, 3- Pronunciamentos no mandato de vereador, 4- Artigos publicados pela imprensa. Tanto pela universalidade dos textos, quanto pela retórica, o autor optou por publicar primeiro, em fascículos, o livro que contem homenagens a datas e a figuras ímpares da vida de Martinópolis. Coube-nos a honra de iniciar e, agora, concluir esse trabalho. Entretanto, deixamos claro que ele é fruto do esforço e dedicação de muita gente boa, produtora de algo que, ainda, dará muitos e bons frutos. Não nos preocupamos com as datas, nem com os locais em que ocorreram as homenagens. São detalhes para outros pesquisadores. O importante, aqui, são as homenagens em si. São duradouras. São para sempre. Eunice Kazue Numata O Autor O autor é um apaixonado por poesia. Nas leituras de lazer, prefere obras em versos, principalmente as de linguagem mais figurada. Se dependesse só dele, seria um poeta. Porém, logo cedo, militou na imprensa, depois na advocacia, na iniciativa privada e na vida pública. Virou um redator e um orador com requintes de linguagem a revelar o veio original. Luiz Leite recebeu do irmão mais velho Antônio Claret Oliveira e do primo Padre Elias, poetas de mãos cheias, as primeiras influências literárias. Na imprensa, seguiu as pegadas de Otoniel dos Santos Pereira, Antonino Leite Oliveira, Anderson José Pacitti, Paulo Rodrigues Pinto e de Hugo José de Oliveira, poetas que viraram jornalistas. Luiz Leite tem mania de ler. Lê tudo que lhe cai às mãos: Jornais, folhetos, livros e revistas. Costuma dizer que lê, até, bula de remédio. É leitor crítico: censura os erros gramaticais e os deslizes de linguagem, tão comuns nos dias atuais. E pede aos seus ouvintes e leitores que o ajudem a sanar eventuais falhas constatadas em seus trabalhos. Gosta de ver os pingos nos “is”. Danielle Tudisco Naufal A Festa de São Pedro A Festa de São Pedro, no Distrito de Teçaindá, é o mais tradicional evento social do município de Martinópolis. Isso fica provado, a cada ano, quando ex-moradores da Terra dos Martins voltam à origem, para viver conosco o Dia de São Pedro, cheio de devoção, de alegria e de emoção. Para quem nunca esteve no Teçaindá, no Dia de São Pedro, pode parecer comum a notícia de que, lá, há ritos e festa por três dias, com missa, procissão, batizado, quermesse, baile, feira, leilão e shows com artistas da terra e de longe. Porém, para quem já viveu esse dia, no aconchegante pedaço, a imagem é outra: Tudo, lá, tem um ar diferente, na data consagrada ao padroeiro do lugar. Pessoas vêem, de perto e de longe, lotando praças e ruas, para a Missa de São Pedro! Pais e padrinhos fazem questão de batizar suas crianças no Dia de São Pedro. Romeiros pagam promessas e pedem graças na Procissão de São Pedro! Na quermesse, na feira, no leilão e nos shows, dias inteiros e noites adentro, tudo ferve em homenagem ao porteiro do céu. Amigos se revêem, juntos oram e juntos se esbaldam, na Festa de São Pedro! Agora, comemoramos, novamente, a Festa de São Pedro! Que todos se irmanem, na fé e no amor, para que a festa criada pelo padre João Schneider seja, novamente, esplendorosa. Bobas intrigas geradas pelo disse que disse e mesquinhas rivalidades de província não cabem no recinto sagrado das igrejas, nem no templo aberto das festas populares sustentadas pela força maiúscula da tradição de um povo. Grandeza de alma e humildade de coração caem como luvas para se viver, de novo, a festa que já foi dos nossos antepassados, é parte de nós e será dos nossos sucessores. A História da Festa de São Pedro R ezam as crônicas que, em 1937 padre João Schneider, num cavalo castanho, foi ao Km 18 para celebrar a primeira missa. O altar foram dois troncos em cruz lavrados pela gente do lugarejo. Após o Santo Sacrifício, o bom pároco reuniu os fiéis para a escolha do padroeiro. São Pedro foi o eleito. Padroeiro sem capela é como rei sem trono. Para 29 de junho, dia do santo padroeiro, ficou marcada a nova missa, uma procissão e uma quermesse. A missa foi por conta do padre João, é claro. A procissão foi organizada pelas Filhas de Maria e pelas Senhoras do Apostolado do Divino Coração de Jesus. A quermesse foi organizada por uma comissão de paroquianos, na maioria, congregados marianos. Padre João, em seu cavalo castanho, saiu de sítio em sítio, de casa em casa, com membros da comissão, angariando fundos e prendas para a quermesse do “Dia de São Pedro”. Foi um sucesso! A gente simples e boa abriu a alma para recebê-lo e lhe ofertou um pouco, do pouco que tinha, para dar a São Pedro uma capela digna do porteiro do céu. E 29 de junho chegou. E chegou com ele “A Festa do Padroeiro”: Padre João rezando missa, olhos curiosos pregados na cruz. Procissão serpenteando ruas, levando a imagem de São Pedro e as preces dos fiéis. Depois, quermesse. Quermesse o dia inteiro, noite adentro, até o romper do sol. Na quermesse de padre João, tinha fogueira. Tinha batata assada. Tinha pipoca. Tinha quentão. Tinha vinho quente. Tinha guaraná e cerveja, em garrafas empalhadas. Tinha correio elegante. Tinha casamento caipira. Tinha música da boa. Dia seguinte a comissão de paroquianos já tinha o dinheiro para começar a erguer a capela. Eles mesmos arregaçaram as mangas, ainda, com o cansaço da festa, e meteram mãos à obra. De pé a capela, feita com madeira da própria floresta que escondia o lugar, o vilarejo ficou conhecido como “Patrimônio da Capela de São Pedro”. Naquela 1a missa. Naquela 1a procissão. Naquela 1a comissão de festas. Naquela 1a quermesse certamente estavam, Júlio Reis Sanches, João Fachiano, Kito e Takehiro Miyazaki, Amadeu Arthur Camarneiro, Glicério Eller, Luis Biazi, Francisco Chagas Maia, Aristides Shott, Américo Perrud, Otacílio Nunes, Kioshi Shaiamit, Cipriano Limeira, Angelino e Francisco Percinoto, Mário Barcelos, Kioshi e Shiguero Chaiamiti, Henrique Aquoti, Darílio Emerik, Mário Barcelos, Adelino Simões de Carvalho, Manoel Baldo, Manoel Lourenço, Caetano Malavolta e uma plêiade de homens e mulheres, com a têmpera e a coragem dos desbravadores do sertão sorocabano. Nessa nova missa de São Pedro, estaremos nós, cumprindo o mesmo ritual. Na procissão de São Pedro, continuaremos os passos que eles iniciaram. Na quermesse de São Pedro, faremos festa como eles. É a tradição transmitida de geração em geração e perpetuada pelo homem através dos tempos. É maravilhoso ver as pessoas, sem ambição, perfeitamente em paz, cumprindo o seu papel perante a história! Que Deus abençoe a todos na “Festa de São Pedro”. Que todos saibamos oferecê-la ao santo padroeiro e a àqueles que nos legaram essa tradição para que possamos legá-la, engrandecida, ao futuro. Pense assim, quando uma hóstia branca, imaculada, subir ao céu do Teçaindá, em direção a Deus, nas mãos do sacerdote celebrante, lembrando o gesto de padre João Schneider, semente da “Festa de São Pedro”. Padre Matheus Heucommer Q uando resolvi usar a tribuna, durante essa sessão solene, meditei um instante para saber como vejo Padre Matheus, ao longo de um sacerdócio de 44 anos, 10 dos quais dedicados a Martinópolis. E, na tela da imaginação, surgiu-me a imagem do semeador, mãos cheias, lançando a semente no ar. Que poesia em cada gesto! Que amor a alimentar tanta dedicação e sacrifício! Que esperança na colheita do futuro! Neste mundo, cheio de divergências, assolado por problemas sociais de toda ordem, onde a descrença e a indiferença tendem a ser a regra, num instante de meditação, encontrei o Mestre, numa praia deserta, contando parábolas a um grupo de pescadores e numa delas, a história do sacerdote homenageado no campo da semeadura. Dei asas à imaginação! Vi Padre Matheus preocupado com as sementes que caíram nos descaminhos da vida e as aves dos vícios engoliram antes do amanhecer. Vi Padre Matheus preocupado com as sementes que caíram sobre as pedras da insensibilidade dos que usam o dinheiro público para satisfazer necessidades pessoais, e logo secaram diante do calor infernal das necessidades coletivas insatisfeitas. Vi Padre Matheus triste por saber que algumas sementes caíram entre os espinhos do populismo e os populistas cresceram e as sufocaram. Vi Padre Matheus feliz e gratificado pelo campo verdejante das sementes que caíram na terra boa da solidariedade e da compreensão e dão frutos abundantes, capazes de sustentar almas gigantes, mesmo que em corpos e mentes mutilados pela peste da corrupção. Sua voz dizia ao mundo que, se a humanidade abrisse o coração mais para Doutrina Cristã, do que para a sociedade de consumo, descobriria o caminho da felicidade. Guardo comigo as cores vivas desse quadro e, com elas, a convicção de que foi a luta de Padre Matheus contra os descaminhos, contra as pedras e os espinhos, contra o egoísmo e a indiferença, aliada a determinação de plantar a palavra de Deus no coração do homem, que levaram os senhores vereadores a fazê-lo Cidadão Emérito de Martinópolis. Lincoln de Andrade Junqueira E ntre os pioneiros do Teçaindá, avulta a figura do desbravador Lincoln de Andrade Junqueira. Sempre radicado na área rural daquele distrito, esse homem “nunca foi dessas aves que transmigram ao passar da brisa da facilidade ou da dificuldade; nem dessas que se postam estáticas entre o ir o ficar”.* Decidido, lançou raízes que perduram. Descobriu que a sua vocação era a vocação da terra. Fez da terra o seu Tesouro e “tornou-se um ser capaz como não se pensava haver; grande de coração, como não se sabia existir”.* Nunca, aos seus olhos, surgiram problemas insolúveis; “a pedra mais próxima - por maior que fosse - nunca foi uma pedra no meio do seu caminho” * Lincoln Junqueira foi a visão que antecipa! O trabalho que enobrece! A personalidade que avulta! Homem bem sucedido, de múltiplas ocupações, sacrificava horas de descanso na luta pela saúde, pela educação e pelo reerguimento moral dos mais necessitados. O distrito e o município, em tudo, foram tocados por ele. Na vida em sociedade, nenhum empreendimento, particular ou público, lhe pareceu indigno da sua colaboração: em todos levou como objetivo o ideal de servir. Já se disse com justiça que “os títulos honoríficos foram-lhe dispensáveis, mas chegaram a ele por reconhecimento; como testemunho de que, para os grandes homens, as riquezas não se transformam em alegria, em virtude, sem o esforço pelo bem comum” * Lá do Teçaindá, Lincoln Junqueira olhou para a terra! Olhou para os outros! Olhou para o futuro! * Revista “Martinópolis em Manchete”, 1961 Pedro Casimiro da Motta N o começo do século XX, Conceição de Monte Alegre era um verdadeiro ninho de águias. Dali partiram, floresta adentro, muitos dos desbravadores do Oeste de São Paulo. Pouco a pouco, a epopéia daqueles gigantes foi se transformando em exemplo para os moradores da pequenina vila. Logo, os filhos de Conceição de Monte Alegre, também, passaram a sair de casa, para a grande aventura de criar e engrandecer outras terras. Assim, na poética cidadezinha, tornou-se tradição, o drapejar de um lenço ou o aceno de um chapéu para o adeus ao filho que partia. Que partia para encontrar um caminho! Que partia para fazer o futuro! Não foi diferente, no dia em que um menino – de mãos calejadas pelo cabo da enxada – decidiu se embrenhar pelo sertão sorocabano com a certeza de que todas as dificuldades poderiam ser sobrepujadas pela sua força de vontade! Talvez, uma lágrima de emoção tivesse rolado na face dele na hora daquela despedida. Lágrimas sinceras rolam na face dos fortes, também! E logo, aquelas mãos marcadas pela capina, cingiam com firmeza o pesado volante de um velho caminhão. Os olhos, agora, já não embaçavam o pranto, mas o pó. Do outro lado da poeira da estrada, o jovem vislumbrava o futuro e a sede de vencer dominava a saudade dos pais, dos parentes, dos amigos e da aconchegante Conceição de Monte Alegre. Por dias e noites, o ronco do velho motor se misturou às vezes da floresta, até o momento em que o moço e sua coragem chegaram ao povoado de José Teodoro, encravado na mata. Ali conheceu amigos corajosos como ele. Ali começou a transformar sonhos em realidade. Ali, acabou de temperar, na luta, o seu caráter de herói. Determinado na vontade de triunfar, o moço não se contentou com o simples caminhão. E resolveu transformá-lo em uma jardineira, para o transporte dos sertanejos que, pouco a pouco, iam mudando o verde imenso da vastidão selvática, no tapete poli crômico das várias vegetações cultivadas pelo trabalho do homem. Queria aquele moço simples que o homem da terra não perdesse tanto tempo no lombo de um burro ou na lentidão de uma carroça para chagar à gleba e às compras ou voltar para casa. Mal sabia ele, embora sonhador, que aquela jardineira improvisada e desajeitada, a farfalhar e levantar o pó da Terra dos Martins, continha o embrião de uma das grandes empresas de transportes do Brasil. Com o seu trabalho, com o trabalho dos amigos e de quantos aportavam a José Teodoro, o lugarejo cresceu, foi elevado a distrito, depois a município. Passou a se chamar Martinópolis. E o rapazote se inscreveu como eleitor no novo município e, até hoje, nele faz questão de votar. Sempre devotado aos amigos, companheiro de jornadas gloriosas, mas, também, companheiro nos reveses eleitorais. A origem humilde lhe ensinou que, para os bravos, fracassos ocasionais e obstáculos freqüentes são estímulos para as conquistas do futuro. O espírito empresarial, latente no peito do jovem conquistador, manifestou-se, pela primeira vez, quando se associou a Agenor Fernandes Tolentino e, juntos, fundaram a empresa Motta-Tolentino, uma linha regular que, com duas jardineiras, atendia a demanda de passageiros de Martinópolis à barranca do Rio do Peixe, passando por Vila Martins e pelo Patrimônio da Capela de São Pedro, cobrindo uma distância de pouco mais de 30 quilômetros. Na jardineira, ele era o motorista, o mecânico e o cobrador. Na jardineira, ele era tudo. E a viagem era a metade do dia para ir e a outra metade para voltar. Quantas noites não foram dormidas na estrada, por causa da chuva ou de uma peça quebrada? Mas, nada quebrava o ânimo do moço. Ele não perdia tempo. Mesmo nos sonos mal dormidos ele parecia sonhar com as grandes batalhas. E acordado nunca arrefeceu na luta. A águia que abandonou o ninho de Conceição de Monte Alegre e que durante quinze anos pousou em Martinópolis, teria, mesmo, que alçar voo para alturas maiores, em busca da perfeição empresarial que representasse progresso para o seu país e utilidade para o maior número possível de pessoas. Presidente Prudente o fascinou, nos albores dos anos 50. Homem feito, empresário em formação, ele foi para lá. O primeiro estágio do novo voo foi a fusão da Motta-Tolentino com a Empresa de Transportes Andorinha. Ainda bem que o menino de Conceição de Monte Alegre nunca teve vertigens pela altura. Porque ele começou a subir. Subir como empresário e subir como ser humano. Porque, subindo, soube permanecer na altura de todos os homens. Continuou simples como o mais simples e amigo como o mais amigo. Conceição de Monte Alegre e Martinópolis jamais saíram do seu coração. Mesmo quando o trabalho exigia tudo do seu cérebro, da sua força, da sua capacidade de entregar-se. Ninguém pode prever que píncaros vai atingir o voo de uma águia que busca a perfeição. Ela sabe que no céu não tem limite e a perfeição está além do medo, da indolência e do ceticismo. Bravo, confiante no futuro e nas próprias forças, o empresário fundou, em l965, a Viação Raposo Tavares e passou interligar os Estados de São Paulo e Mato Grosso. Mas, aquilo não eram viagens. Eram verdadeiras batalhas travadas, metro a metro, contra estradas difíceis. E ele passou. Em 1987, já voando muito alto, alçou o seu voo mais arrojado: transformou a Viação Raposo Tavares em Viação Motta. Começou a demonstrar toda a sua competência como empresário, como gerador de riquezas, como motivador de grupos de profissionais, como idealizador e como realizador. Muitos anos haviam passado sobre o dia em que pegou o seu primeiro e velho caminhão... Foram anos em que o menino aprendeu a ser homem e o homem a ser pai. Anos em que os filhos aprenderam do pai. Assim, a Viação Motta não era um Motta só. Eram todos os Motta, solidários, conhecedores dos transportes coletivos. A experiência do pai e o moderno pensamento empresarial dos filhos harmonizaram-se no comando dos negócios da empresa. No curso da grande viagem, dois filhos tombaram, mas legaram ao pai a força de sua juventude, para que pudesse prosseguir, ao lado dos irmãos e dos parentes que ficaram. Calejado nas mãos, ele saiu de Conceição de Monte Alegre. Calejado no espírito, ele saiu da provação. A Viação Motta já tinha grande responsabilidade social, prestando um serviço de utilidade pública. Não podia parar e não parou. Milhares e milhares de passageiros, centenas e centenas de profissionais já constituíam e constituem um mundo em movimento em torno do seu nome. Ônibus da Viação Motta trafegam, dia e noite pelas mais diversas estradas do país. Bem poderia o homem que fez esse nome esquecer as suas origens. Esquecer os amigos de Conceição de Monte Alegre e de Martinópolis. Esquecer os amigos que comeram o pó com ele. Bem poderia, sim, se não fosse ele o grande Pedro Casimiro da Motta, um grande homem simples. As virtudes do trabalhador Pedro Casimiro da Motta provém do seu trabalho. A grandeza do homem Pedro Casimiro da Motta provém dos seus grandes gestos de amizade, benemerência e companheirismo. O imortal Virgílio diz, há séculos, em uma de suas obras: “àqueles que, na vida, acumulam atos de virtude as ninfas cingirão de auréolas”. Por todos os atos de bem e de coragem que Pedro Casimiro da Motta praticou em sua vida, esta Câmara resolveu se antecipar às ninfas do poeta romano e cingir a fonte dele com essa condecoração: Cidadão Emérito de Martinópolis. Interatividade: luiz.leite.3785.@facebook.com Esperamos que o leitor nos envie fotos e ilustrações dos homenageados. Poderão ser publicadas na edição final que reunirá os dez fascículos projetados. Produção: Rodolpho Leite Revisão: Adernil de Souza Agradecimento: Presidente Eduardo Teixeira Gonçalves Presidente Marcelo Caldas Ferrairo Presidente Reinaldo Percinoto Secretário Henrique Pereira Castro Secretário e Vereador Valter Cardoso de Moura Impressão: Gráfica e Editora Oeste Notícias Contribuição do autor ao Hino de Martinópolis

Politica a mais bela arte? Ou a mais cruel? política pode ser a mais bela arte de se fazer o bem al próximo. Mais pode-SE tornar a mais cruel quando se é praticada por gente, sem qualquer preparado ou senso de sensibilidade. Neste pequeno pronunciamento podemos notar isto que me refiro.

METEU FOGO EM ROMA só para se divertir A imprensa noticiou, fartamente, que as “casinhas” de treze famílias pobres, que a Prefeitura de Martinópolis tolerou em terras públicas por mais de 15 anos, ruíram por terra, em 4 de setembro, sob a força dos tratores pesados que o prefeito mandou contra elas. E quem pensa que o algoz esteve por lá para comandar o ato de guerra está enganado. Ele ficou do outro lado da Represa, em bangalô de luxo, comandando a ação bélica pelo telefone celular, beliscando caviar, e bicando refrigerante light com uísque importado. Rezam as crônicas, que imperador Nero mandou atear fogo em Roma, para se divertir com o sofrimento alheiro e assistiu o espetáculo “bem acompanhado”, ao som de músicas maravilhosas e ao sabor de bebidas especiais. Amanhã, quem sabe, algum almanaque, contará que um prefeito malvadeza imitando, ao seu modo, aquele gesto tresloucado, mandou tratores pesados destruir “casinhas” humildes, num município pobre, sem opção de renda para o povo, talvez, porque até fisicamente se parecia com o imperador romano. Sabendo que os assentados pediam, quase de joelhos, para que os deixassem fazer manualmente a demolição, de forma que os materiais usados pudessem ser reaproveitados em outro lugar, que esperavam da prefeitura, malvadeza foi peremptório: Queru tudu nu chão! Elis já teve muitu tempu pra demuli e num si mexeru. E os tratores roncaram como ele. Telhados e paredes desabaram, até, sobre,móveis e utensílios. Assentados, suas crianças e suas mulheres assistiram a violência, que doeu fundo. Famílias que já tinham iniciado a desocupação, mas estavam na roça “prá ganhar o dia”, na volta para casa, só encontraram escombros. Saqueadores levaram os bens que restaram sob os destroços.. Para lhes lavar alma dolorida pelo golpe e o corpo sofrido de viver na dificuldade, o céu chorou uma chuva pesada e fria, que os pegou ao desabrigo e varou a noite da sexta feira mais triste de suas paixões dolorosas. Ninguém, lhes estendeu a mão. Solidariedade, só dos vizinhos que tem o mesmo problema fundiário e temem pelo pior. Na palavra amiga, o consolo cristão de uma pobre senhora: “Suspenso entre o céu e a terra..., cravado no madeiro da cruz..., Cristo , ainda, teve o peito rasgado pela lança de um covarde.” “Da etérea plaga”, “das nuvens entre as gazas”, o nosso poeta mais corajoso, com certeza, bradou indignado : “Senhor Deus dos desgraçados,/ Dizei-me vós, Senhor Deus/ se eu deliro... ou se é verdade,/ tanto horror perante os céus! (Síntese de pronunciamento do vereador Luiz Leite – PMDB – na tribuna da Câmara de Martinópolis.) -