quarta-feira, 5 de maio de 2010

Namorar ou "ficar"?

Quem "fica" escraviza-se em padrões que estipula para os outros

Quem ama de verdade quer compromisso. Para isso existe o namoro.
Tempo de conhecimento, identificação de ideais e troca de afetos para, depois, assumir, com a pessoa amada, um sacramento para toda vida.
Ultimamente, temos presenciado uma liberalidade e relativização de muitos conceitos de moral e ética que deturparam a mentalidade, principalmente, dos jovens na área afetiva e sexual. Os namoros são desregrados e sem o sentido do amor verdadeiro. Tudo é válido pela busca do próprio prazer.
Surgiu então o "Ficar"! Comportamento de quem namora sem assumir a essência de um relacionamento: o compromisso.
Por que, então, não se deixar levar por essa onda?
Primeiramente, essa prática é contrária aos princípios cristãos e ao sentido pleno da existência humana. Fomos criados para amar e não para viver o egoísmo.
As pessoas aprendem a qualificar as outras por padrões pré-fixados, seja pela mídia, modismos ou por status; beleza física, condição social, influência que a pessoa possui, etc. Isso os faz parar nas primeiras impressões a respeito dos outros. Não existe a amizade, só o interesse de um tempo que o faz olhar somente para o exterior dos outros, como se fossem um produto. Deixa de existir a oportunidade de um casal aprender a se amar pelas diferenças, pelos erros e pela capacidade de perdão. Também não há espaço para mostrar machucaduras e defeitos, pois o que conta é o que o outro aparenta de melhor.
Outro ponto é quando os padrões saem da concepção própria e são influenciados pela opinião dos amigos. Um exemplo, é deixar de estar com alguém que se está aprendendo a amar pela não aceitação do seu circulo de amizades. Ou então, querer "ficar" com alguém popular e o maior número de parceiros (as) para causar boa impressão no grupo. Isso também não é positivo.
Há também a dimensão do orgulho e da vaidade. Os dons e qualidades de um ser humano são colocados à disposição da sensualidade e da sedução.
Quem tem o anseio de santidade e de um dia constituir uma família, não pode pensar e agir como os ímpios. "Ficar" é moldar-se a não assumir compromissos.
Se você pretende viver a sua dimensão afetiva da melhor forma possível, ou melhor, se você quer colocar intensidade na natureza do seu coração, não tenha iniciativas de olhar o outro como um mar que deságua rios de egoísmo, e sim, viver tudo o que o amor tem a oferecer.
Amar é simples no ser, mas requintado no servir, porque é para alguém que faz parte da sua existência. Namore, conheça, encare a outra pessoa como um mistério a ser desvendado, aprofunde a amizade, seja parte da vida dela, em pouco tempo você estará participando da sua confiança. Tenha sentimentos puros, acredite na pessoa, ajude-a a se descobrir nas mais belas aventuras dentro dela mesma, viaje por caminhos do seu interior, no qual sempre estiveram abertas as estradas, mas das quais nunca foram contempladas as belezas. Direcione sua afetividade, a capacidade de amar que há em você, para onde vale realmente a pena investir.
Seja curado por seu relacionamento e não destruído por ele! Não aceite ser vítima de si mesmo, por não corresponder a toda força do amor que existe em você. Não seja um refém da imposição que este mundo nos submete, ensinando o que é errado como se fosse uma virtude.
Um grande abraço!

Entrevista dada a associação cultural mortfort

Flávio Henrique:
"A felicidade não é o resultado da 'casa final', mas a alegria de saber que você a está construindo"


Associação cultural mortfort: Por que a dor, o sofrimento e as tragédias ganham tanta relevância e destaque na mídia?

Flávio Henrique: Quando vemos um sofrimento estampado na televisão, nós reconhecemos uma dor que é nossa também, ou, então, quase uma espécie de indignação ao ver os caminhos do mundo, as escolhas que fazemos e como vamos construindo a própria experiência de viver. Por isso, o sofrimento será sempre uma notícia que vai nos causar alarde; é o momento em que nós reconhecemos a crueza da nossa humanidade. As pessoas são mais destaque quando elas são sofridas, principalmente quando conseguem dar um significado bonito ao sofrimento e fazem dele uma fonte de transição. Aí essa pessoa realmente entra na história, porque ela se diferencia do contexto das pessoas comuns.

Associação cultural mortfort: O senhor fala muito sobre limites. O que impulsiona o ser humano a buscar sempre a superação de seus limites?

Flávio Henrique: Todo ser humano que tem boa consciência do limite é um ser humano que está num processo de aperfeiçoamento. Eu sei que tenho limites, mas eu os respeito; não tenho medo deles. Então, a partir disso, estabeleço metas de superação e, quando consigo isso, o limite deixa de me condicionar. Eu continuo limitado, mas não estou condicionado a ele [limite], porque eu consegui uma possibilidade boa de lidar com as coisas que me limitam.

Associação cultural mortfort: Qual o grande sofrimento do homem moderno?

Flávio Henrique: A experiência de ser "líquido". Um sociólogo polonês faz uma análise muito interessante das realidades modernas e contemporâneas a partir da realidade líquida. Ele afirma que o grande sofrimento do ser humano, nos dias de hoje, é justamente sentir-se temporário demais, ele passa muito rápido e isso faz com que ele se experimente ainda mais limitado. É tudo mais difícil nos dias de hoje, como segurar os relacionamentos do mundo atual, justamente porque está tudo muito "líquido", muito rápido. E quando essa estrutura de mundo se volta contra nós, não sabemos como reagir, porque criamos uma estrutura de mundo rápida, muito em série. Mas, na verdade, o ser humano deseja viver de maneira artesanal, ele quer um amor para si, ele quer um espaço que seja dele. No entanto, infelizmente, o mundo tem ameaçado tudo isso, sobretudo no que diz respeito à estabilidade dos relacionamentos.

Associação cultural mortfort: Qual o significado da palavra sofrimento e sacrifício na vida de um jovem católico?

Flávio Henrique: As palavras "sacrifício" e "sofrimento" são muito próximas, sacrificar é você se tornar santo, é você tirar do contexto do profano e colocá-lo no lugar do sagrado; sacrifício é isso, algo que é profano vai ficar santo. Sofrimento é isso também, é eleger uma matéria pela qual nós queremos nos sacrificar. Acho que na minha vida o sofrimento entra assim como uma realidade que me sacrifica. Assim, eu descubro nos sofrimentos que eu enfrento uma forma de alcançar a santidade tão desejada.

Associação cultural mortfort: Como conscientizar as pessoas de que é possível olhar o sofrimento de uma maneira diferente?

Flávio Henrique: Abrindo a cabeça delas, porque a conversão passa pela nossa cabeça. Dizem que Deus mudou o nosso coração, mas, na verdade, o que Ele muda é a nossa forma de pensar. O ser humano verdadeiramente convertido é aquele que está pensando diferente, está pensando como Deus. O Cristianismo tem essa pretensão. No momento em que eu modifico minha maneira de interpretar a dor e o sofrimento, eu começo a adentrar a mística do Cristianismo. Não é uma apologia ao sofrimento, mas uma resignificação dele. Jesus, ao morrer por uma causa, nos ensina que quando sofremos por aquilo que amamos, nós estamos crescendo como pessoa. Eu acho que essa é a pretensão: ajudar as pessoas a serem capazes de crescer e amadurecer a partir do que elas amam e que, para elas, é sagrado.

Associação cultural mortfort :Não corremos o risco de nos tornar masoquistas ao pensar que o sofrimento é bom?

Flávio Henrique: Não creio. Eu acredito que não se trata de correr atrás do sofrimento, mas de acolhê-lo do jeito certo. Há sofrimentos que nos redimem e sofrimentos que nos destroem. O sofrimento, em si, é ruim, ele não é benéfico; mas, a partir do momento em que ele aponta para uma melhora, ele vira uma bênção para nossa vida.

Associação cultural mortfort: Diante de tanto sofrimento que a vida nos impõe, o senhor acredita que é possível sermos realmente felizes?

Flávio Henrique: O tempo todo. Acho que a felicidade é uma espécie de susto; quando você vê, já aconteceu. Ela é justamente uma construção pequena de todos os dias. É como se estivéssemos fazendo uma casa que, a cada dia, precisamos fazer mais um pouquinho. A felicidade não é o resultado da "casa final", mas a alegria de saber que você a está construindo. É isso que nos faz felizes. Muitas vezes, nós não nos sentimos felizes porque compreendemos que a felicidade é um destino final, mas não o é; é o processo que nos realiza.

Arsenal de infantilidades

Arsenal de infantilidades

Trazemos um excesso de sentimentos infantis
Inicialmente podemos achar um absurdo assemelhar uma criança ao escravo. É simples porque uma criança não é capaz de fazer a separação das coisas. A criança é egoísta e o egoísta é aquele que se ocupa do seu mundo, para ele o outro é uma extensão da sua necessidade. As crianças são escravas de suas necessidades.
A maturidade de uma criança acontece à medida que ela vai crescendo. Uma criança é escrava porque ela não sabe a razão da regra, mas se submete a ela. Quando ela cresce e obedece a regra porque a compreende, ela deixa de ser escrava. Quantos jogos construtivos, que educam a criança para compreensão de regra, são jogos simples de encaixe, entre outros, não videogames nos quais, muitas vezes, a regra é matar.
O desconhecido nos escraviza. Tudo aquilo que você desconhece se torna soberano sobre você e muitas vezes você teme uma pessoa desconhecida, e aí está a infantilidade. Nós também trazemos as infantilidades nos nossos afetos, insistimos em trazer em nós um arsenal de sentimentos infantis, egoístas, só pensamos em nós e em nossas necessidades. A birra é o excesso da criança, excesso da infantilidade, pois nela a criança se sente fracassada por não conseguir seu objetivo. Quando somos afetivamente infantis, nos transformamos em verdadeiros monstros. Se você não disciplina uma criança, o seu destino não será diferente. Ensine-a a lidar com as impossibilidades.
Quantos adultos não têm coragem de dar opinião, não se manifestam, porque são infantis, são escravos de seus medos, isso é mesma coisa de birra, pos não sabem lidar com os limites.
Abandonemos as nossas birras que se manifestam na nossa cara feia, nas nossas respostas ríspidas, entre outras... Só não nos jogamos no chão porque não temos coragem.
Quantos adultos com medo de quarto escuro. Eu pergunto: Qual o mal de um quarto escuro? Mas quantas vezes fomos trancados nos quartos e disseram que lá dentro tinha um monstro? Uma criança não tem inteligência suficiente para saber que ali não há um bicho, porque a referência que ela tem é o adulto.
Como você pode curar seu medo de quarto escuro? Traga à sua razão o que o faz sentir medo. Entre no quarto escuro e diga: ‘Este quarto não pode me fazer mal’. Você hoje é adulto, maduro, olhe para as fases da sua vida que precisam ser curadas, olhe para você criança, você adolescente. Permita que Deus resgate a sua alma ferida. Muitas vezes é preciso voltar no tempo e se reconciliar com você mesmo.
Nenhum perdão será concreto se antes você não se perdoar; nenhum olhar será profundo se você não se olhar.
O que pode nos destruir na vida não é o que os outros fazem para nós, mas o que permitimos que outros façam de nós. O maior consolo que você precisa não é o dos outros, é de você mesmo. Não adianta o outro deixar você livre, se você se sentir escravo.
Deus é especialista em curar corações machucados. Pare de lamentar o que você não teve. Seja como o rio, que quando alguém coloca alguma barreira nele, ele não deixa de crescer, mas fica mais profundo.
Deus ainda prefere os miseráveis. Deus olha para você, e no momento da sua birra, Ele se encontra com você.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

A verdade não usa máscaras

A verdade não usa máscaras
Na convivência diária nada fica oculto
Para um ator é necessário – para o exercício da profissão – interpretar inúmeros personagens. Antigamente, no teatro, as máscaras eram utilizadas como peças de caracterização, as quais ajudavam os atores a compor um personagem. Por um período de tempo, o ator, na apresentação do seu trabalho, finge ser outra pessoa. Todo esse esforço visa tornar um personagem fictício em alguém “real”, provocando e arrancando as emoções desejadas dos espectadores.
Em muitas ocasiões, podemos correr o risco de fazer da vida um teatro; fingindo e convencendo outra pessoa com falsas impressões.
No nosso dia a dia, facilmente identificamos momentos em que também representamos. Muitas vezes, temendo complicar uma situação ou querendo ser educados, fingimos ter gostado de determinada comida, mesmo que esta esteja sem sal, somente para não desagradar a quem nos oferece. Da mesma forma, se alguém nos telefona em hora inoportuna, fingimos estar ocupados para encurtar a conversa; entre outras desculpas.
Ainda dentro desse contexto, há empregados que fingem trabalhar. Na roda de amigos se uma pessoa achar conveniente personificar um “santo” agirá como tal. Diante da namorada, se for interessante, fingir-se-á ser carinhoso. Diante do patrão muitos empregados parecerão aplicados... Seja de um modo ou de outro, acabamos por aprender a arte da dissimulação.
Nada disso será problema para quem se habituou a representar e a viver mais um papel. Mas o perigo de tantas simulações é torná-las um hábito a ponto de se tornarem espontâneas ou dignas de fé.
Como um “camaleão” a pessoa será capaz de “atuar” mediante suas necessidades, buscando sempre tirar vantagens por meio do convencimento.
Por mais inofensivas que possam parecer tais interpretações, elas passam a fazer parte da vida de quem está acostumado a fingir, dificultando-lhe o discernimento entre o que é real e o que é ilusório.
O fingido quando contestado, insiste em dizer ser verdadeiro; e acreditando na sua versão, poderá até jurar. Contudo, para quem está habituado a interpretar, tal juramento será mais uma performance.
Todavia, na convivência diária, nada fica oculto. Cedo ou tarde, será impossível não perceber os deslizes de quem dissimula.
Antes que a arte de imitar saia dos palcos e adentre em nossos relacionamentos, melhor será não mascarar os fatos da vida real. Pois, triste será a decepção da pessoa amada ao deparar com as contradições e manobras de um cônjuge ardiloso.
Em nossos convívios a verdade não deve usar máscaras nem ofender.
Que possamos ser livres de máscaras ,em nossos relacionamentos em nossa vida e assim sermos mais felizes, sendo mais verdadeiros.

­­­­­Flávio Henrique de Almeida Ferreira